Carbon-free?
De uma hora pra outra virou o tema do momento o aquecimento global. Claro, claro, já se falava há anos do assunto, mas o filme do Al Gore e depois a divulgação dos relatórios da ONU com previsões catastróficas parece que trouxeram o tema, antes restrito a panfletos dos perversamente chamados de "ecochatos", à grande mídia. (Isso sem falar no Katrina e no Catarina.)
O filme "Uma Verdade Inconveniente" é importante, e realmente não acho que o alarmismo seja irreal ("A ficção tem que ser verossímil, mas a realidade não", dizem os cineastas. E o filme não é pra ser ficção). Tanto que, aqui mesmo em Porto Alegre o pessoal da minha geração mesmo já sente que o frio não é mais o mesmo. Eu nunca mais usei luvas, por exemplo. Ceroulas, então, faz bastante tempo, mesmo com todo o sex-appeal dessa peça (minhas desculpas se as decepciono, gurias).
E falando em vestuário e moda, agora virou moda ser carbon-free, ou seja, fixar novamente todo o carbono soltado na atmosfera por alguma atividade (no Google, a busca pelo termo dá 504.000 resultados). Em outras palavras, se eu gerei uma tonelada de gás carbônico organizando uma festa, tenho que plantar o equivalente em árvores para que esse carbono seja absorvido e saia da atmosfera.
Agora eu vi que o desfile Donna Fashion, que acontece de 11 a 15 de abril (www.clicrbs.com.br/donnafashion), vai ser o primeiro evento carbon-free do Rio Grande do Sul. Grande sacada, né? Afinal, nada mais fashion do que estar na moda, ambientalmente correto, sem lançar carbono na atmosfera e pá.
Mas me pergunto: o que é um evento fashion senão uma exposição (ou melhor: uma prescrição) de beleza efêmera, de roupas que, mesmo estando em perfeitas condições de uso no inverno de 2008, serão jogadas fora ou esquecidas num fundo de armário, cafonas e ridicularizadas, como gravatas de crochê e calças de brim semibaggy, ou ceroulas? Meio estranho um evento que prega o consumismo se dizer carbon-free, NMFP.
Ou então o estranho sou eu.
(Mas quero só ver quem é que vai plantas as árvores das roupas do ano passado que ficaram demodês.)
2 comentários:
E peidar, pode?
Mais uma coisa: o q é NMFP? "No Mo Fraco Pensá"? Algum antigo chamado satânico? Algum xingamento aborígene? Todas as alternativas acima + 567 ao quadrado - 9?
Seria "No meu fraco pensar", algo como "na minha humilde opinião", mas no léxico barriga-verde.
E peidar não pode.
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